30/07/08

One sentimental moment in your arms
Is like shooting through my heart
It’s always a rainy day without you
I’m a prisoner of love inside you
I’m falling apart all around you
My heart cries out to your heart
I’m lonely but you can save me
My hand reaches out for your hand
I’m cold but light the fire in me
My lips search out for your lips
I’m hungry for your touch
There’s so much left unspoken
And all I can do is surrender
To the moment, just surrender
And no one ever told me that love would hurt so much.


Queen, "One Year of Love"
“Não devia ter-te deixado entrar assim na minha vida, não devia. Mas não pude. Entraste em mim por assalto e foi doce resistir. Agora quero expulsar-te, e não consigo. Perdi-me em ti, por descuido. Agora não me encontro se ti.”

Pedro Paixão, in "A Noiva Judia"

28/07/08

O verdadeiro amor

O verdadeiro amor. É normal,
é sério, é prático?
O que é que o mundo ganha com duas pessoas
que vivem num mundo delas próprias?

Colocadas no mesmo pedestal sem mérito nenhum,
extraídas ao acaso entre milhões, mas convencidas
que era assim que tinha que ser – em prémio de quê? De nada.
A luz desce de qualquer lado.
Porquê nestas duas e não noutras?
Não é isto uma injustiça? É sim.
Não é contra os princípios estabelecidos com diligência,
e derruba a moral do seu cume? Sim, as duas coisas.

Olha para este casal feliz.
Não podiam ao menos esconder-se,
fingindo um pouco de melancolia, por cortesia com os seus amigos.
Ouçam como riem – é um insulto
a linguagem que usam – ilusoriamente clara.
E aquelas pequenas celebrações, rituais,
as mútuas rotinas elaboradas –
parece mesmo um acordo feito nas costas da humanidade.

É difícil prever a que ponto as coisas chegariam,
se as pessoas começassem a seguir o seu exemplo.
O que é que aconteceria à religião e à poesia?
O que é que seria recordado? Ou renunciado?
Que quereria ficar dentro dos limites?

O verdadeiro amor. É mesmo necessário?
O tacto e o silêncio aconselham-nos a passar por cima dele em silêncio,
como sobre um escândalo na alta roda da vida.
Crianças absolutamente maravilhosas nasceram sem a sua ajuda.
Nem num milhão de anos conseguiriam povoar o planeta.
Ele chega tão raramente.

Deixem que as pessoas que nunca encontraram o verdadeiro amor,
continuem a dizer que tal coisa não existe.

Com essa fé será mais fácil para eles viver e morrer.


Wislawa Szymborska

Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões